Pular para o conteúdo

Pix e a evolução dos meios de pagamento

Os últimos anos foram decisivos para a movimentação do mercado financeiro. Desde a regulamentação das Instituições de Pagamento em 2013, a necessidade de novas funcionalidades estava latente. O mercado tradicional já não estava mais acompanhando as mudanças comportamentais do consumidor. Se antes a segurança de poder confiar em uma Instituição com o nome já consolidado era um diferencial, há alguns anos essa dor foi substituída pela vontade de resolver os problemas rapidamente, sem gastos desnecessários ou burocratização do que poderia ser simples. 

O Pix, lançado em 2020, trouxe uma nova realidade para o mercado: rapidez, acessibilidade e segurança, tudo reunido em um só lugar. Pela primeira vez na história dos meios de pagamento, é possível utilizar de um único sistema para diferentes funções. O Pix transformou a realidade do sistema financeiro não só por facilitar o dia a dia do consumidor, mas principalmente porque abriu as portas para que o mercado recebesse novos modelos de negócios, aproveitando verdadeiramente as oportunidades do mercado financeiro. 

Quer saber como foram as mudanças até chegar a este ponto? Confira o conteúdo a seguir: 

Entenda a evolução dos meios de pagamento

Por conceito, o pagamento consiste no ato de obter ou trocar algo de valor. Séculos atrás, o escambo e o uso de medidas de grãos para troca por algo de igual valor são considerados os primeiros registros do ato de pagamento. Com a evolução dos povos, surgem as primeiras moedas de bronze na China, seguidas pelas cédulas de papel criadas pela dinastia Tang e utilizadas por chineses. Após ser exportada para a Europa, o sueco Stockholms Banco se torna a primeira instituição financeira a imprimir dinheiro. Já no século XVIII, surge a moeda lastreada em ouro e outros metais, formato que se manteve vivo até a Segunda Guerra Mundial, período em que houve grandes mudanças econômicas no mundo.

Entre as décadas de 20 e 50 do século passado, os charge cards (considerados os avós dos cartões de débito) foram muito adotados, especialmente no continente americano, que crescia em termos econômicos. A indústria de cartões surge entre as décadas de 1950 e  1960 por meio do empresário Fred McNamara que, junto a um sócio, 27 estabelecimentos e cerca de 200 amigos, lançou o Diners Club Card, cuja finalidade era pagar o que ele de fato pudesse pagar sem que estivesse portando dinheiro em espécie. A American Express, que na época era uma empresa de fretes, lançou um cartão para despesas com viagens e entretenimento, seguido pelo Bank of America que, como precursor dos cartões Visa, permitia o pagamento em parcelas mensais. Tudo isso em papel! Em 1959 os plásticos já haviam sido implementados, mas as tarjas magnéticas (hoje inúteis) só surgiram na década de 70 e permitiam uma verificação das transações de forma eletrônica. Em 1980, o cartão já era uma realidade global e, nesta mesma época, surge a utilização de senhas (PIN - personal identification number) e terminais POS (Point of Sale). Produtos atrelados aos cartões, como cashback e programas de recompensas, também surgiram nesta década. 

Com a evolução tecnológica, o aumento de fraudes e a necessidade de maior segurança nas transações, os cartões ganharam chip durante os anos 90. Nesta mesma década, a internet se populariza e Jeff Bezos lança o primeiro e-commerce, o que marca o início dos pagamentos online. Já no final desta década, surge também a PayPal, considerada a primeira carteira digital, que permitia a uma pessoa transferir valores para outrem utilizando apenas o endereço de email. Do fim dos anos 90 pra cá, temos assistido uma evolução muito veloz: o surgimento de plataformas móveis (Apple e Android) e, com isso, os pagamentos móveis; a internet das coisas e os pagamentos por devices que até então não tinham esta função - relógios, pulseiras, botões etc.; o surgimento do blockchain e criptomoedas; o Apple Pay e a solução de pagamentos digitais, sem contato e autenticados por biometria. 

Cada uma em seu momento, a evolução e tecnologias que surgiram para facilitar as relações financeiras ganharam complexidade. As relações financeiras, que não se limitam somente ao pagamento, mas também à obtenção de crédito e realização de investimentos, por exemplo, atualmente já não se concentram apenas na figura do banco. Nos dias de hoje, nós nos relacionamos financeiramente com a carteira digital que devolve parte do valor através de cashback, com o cartão de crédito que incentiva a guardar dinheiro ao invés da obtenção de mais e mais crédito, com a empresa de aluguel de patinetes que auxilia na locomoção rápida, com o app que realiza entregas que vão de comida até dinheiro, com a tag de estacionamentos e pedágios que permite uma viagem mais rápida etc. Dentro deste universo de relacionamentos financeiros há uma infinidade de intermediários, cada qual com sua parcela de ganho sobre cada transação. De fato, cada um destes intermediários (bandeiras, adquirentes, emissores etc.) tem um papel importantíssimo para que o uso do cartão como meio de pagamento seja seguro e interoperável.

Porém, a interoperabilidade dos meios de pagamentos atuais gera um preço alto para ambas as pontas do relacionamento financeiro: o comprador, na figura do cliente, e o vendedor, que no cenário de pagamentos instantâneos regulamentado pode ser a empresa ou uma pessoa ou profissional liberal ou autônomo. Atualmente, o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) permite que transferências entre contas de uma mesma instituição sejam realizadas rapidamente, porém com algumas limitações: De acordo com o Banco Central do Brasil, “pagamentos instantâneos são as transferências monetárias eletrônicas entre diferentes instituições nas quais a transmissão da mensagem de pagamento e a disponibilidade de fundos para o beneficiário final ocorre em tempo real e cujo serviço está disponível para os usuários finais durante 24 horas por dia, 7 dias por semana e em todos os dias no ano”.

As justificativas para a implementação desta nova sistemática são plausíveis e estão diretamente ligadas à eficiência do sistema financeiro e da economia brasileira. O Banco Central aponta seus esforços para encontrar a melhor solução de pagamento, considerando as variáveis de interoperabilidade e liquidez ou instantaneidade do meio de pagamento, características muito fortes do papel moeda, não mudam ao qual já estamos tão habituados, mas que cada vez mais vem perdendo espaço para os meios digitais.

A instantaneidade foi um dos principais pilares que fez o Pix ser visto com bons olhos, mas não foi o único que o transformou em um sucesso completo: a ausência de taxas, o fácil acesso e a possibilidade de empresas lucrarem com ele, trouxeram o sistema de pagamento instantâneo a outro nível dentro do sistema financeiro nacional. O SPB foi essencial para a evolução do mercado financeiro brasileiro, mas deixou algumas pontas soltas que o SPI resolveu. 

O Pix é mais do que um meio de pagamento, é a revolução do mercado! 

Quer saber como aproveitar essas oportunidades? Fale com os nossos especialistas!