No último ano o conceito das "contas de pagamento" está em alta. Já não é mais novidade grandes nomes do mercado anunciarem seus novos serviços financeiros. A verdade é que as contas de pagamento são sim um grande avanço para o mercado financeiro brasileiro, mas acima de tudo, é preciso estudar e saber como se diferenciar em um segmento que está virando modismo, quase como a era das paleterias mexicanas.
Esse modelo de negócio consiste em realizar pagamentos e fazer transferências de maneira digital e, em maioria dos casos, sem taxas, ou com valores bem abaixo das instituições tradicionais. O grande foco das contas de pagamento é melhorar a experiência do usuário não só na usabilidade dos aplicativos digitais, mas principalmente em acompanhar os estilos de vida dos consumidores. Além disso, com as contas de pagamento é possível fazer inclusão social, reunir serviços bancários e oferecê-los de forma rápida, fácil e barata. Por isso mesmo o Banco Central do Brasil estimulou a competitividade a partir da Lei 12865/2013 que regulamentou tais estruturas.
Vale também destacar que a conta de pagamento fará parte do grupo de contas conhecido como “contas transacionais” e que poderá usufruir dos benefícios da regulamentação de Pagamentos Instantâneos do Banco Central do Brasil a partir de um provedor de serviços de pagamentos diretos ou indiretos, criando novas possibilidades a partir da interoperabilidade.
Existem dois principais modelos para as contas de pagamento: aquele no qual as fintechs disponibilizam o serviço e também por meio das “fintechs embarcadas”. Mas afinal, como funcionam ambos os modelos?
As fintechs surgiram nos últimos anos com o intuito de redesenhar os serviços financeiros baseados em tecnologia. Os custos de uma fintech são bem mais baixos do que outros modelos tradicionais, o que tem revolucionado a forma de consumir dinheiro, mas ao mesmo tempo abre uma ampla concorrência para o desenvolvimento de diferentes instituições que seguem esse modelo, o que ocasiona no fenômeno das paleterias mexicanas. Mas o que isso quer dizer? Significa o excesso de instituições que vendem o mesmo produto, sem haver diferenciais que atraiam o consumidor. O processo para a formação de uma fintech tem se tornado cada vez mais simples, mas a ausência de base de usuários, somada à falta de adoção do novos meios de pagamentos dificultam o sucesso desse modelo.
Então como fazer o diferente acontecer? As fintechs embarcadas baseiam-se em instituições que têm grandes fluxos de transação de dinheiro como, por exemplo, os varejistas. Nesse tipo de negócio, muitas vezes os grandes nomes do mercado fazem parte de grupos maiores ainda. Então por que não manter todo esse fluxo de dinheiro concentrado somente neste arranjo de pagamento fechado (closed loop)?
Uma fintech embarcada é quase como um banco exclusivo apenas para quem faz parte do mesmo complexo transacional: clientes, funcionários, parceiros, fornecedores etc. Esse tipo de modelo de negócio permite que diversos segmentos da economia diversifiquem sua atuação obtendo maior eficiência na cadeia produtiva somado a um ganho significativo na margem do conglomerado.
As fintechs embarcadas seguem um fluxo fechado de capital, no qual o dinheiro entra e rende dentro do próprio negócio, permitindo que o cliente realize mais compras dentro do conjunto de empresas até o momento que sai através de um saque ou pagamento que pode ser realizado em uma das lojas da rede, por exemplo. Neste cenário, a dependência de um banco para realizar as operações financeiras é mitigada, gerando diminuição de gastos com taxas devidas às instituições financeiras tradicionais.
Com uma estratégia “customer centric”, a fintech embarcada permite a criação de modelos de negócios únicos e disruptivos baseados em massas críticas já estabelecidas através deste relacionamento. Conta digital como paleteria? Não mais!